vendredi 15 avril 2011

Exposition sur l'art Karaja à Sao Paulo, Brésil

Arte Karajá - bonecas, objetos e fotos Data: 23 de março a 20 de abril de 2011 Local: Museu da Cultura (Faculdade de Ciências Sociais PUC/SP) Informações: http://agendamc.wordpress.com / museudacultura@pucsp.br / 113670-8559 / 11 3670-8331 OS KARAJÁ Sandra Lacerda Campos Falantes da língua macro jê os Karajá são habitante seculares de regiões que margeiam o rio Araguaia, nos Estados de Goiás, Mato Grosso, Pará e Tocantins, com grande concentração na Ilha do Bananal, a maior ilha fluvial do mundo. Se autodenominam Inў (Inã), sendo o nome Karajá atribuído pelos índios Guarani, quando estes acompanhavam os portugueses nos primeiros anos da colonização. A arte cerâmica no mundo Karajá é uma atividade exclusivamente feminina em que desde pequeninas as meninas observam suas mães, tias e avós a modelarem a argila em forma de potes, panelas e principalmente nas conhecidas bonecas e figuras, com os mais variados formatos e tamanhos. A arte figurativa, denominada como Ritxokó, encena a vida cotidiana, religiosa, cerimonial e mitológica, além dos animais da fauna local. São figuras lúdicas que contribuem para a socialização das crianças, que enquanto brincam, reconhecem na dramatização os papéis sociais, as divisões de idade, cenas de parto, trabalho doméstico, entre outros. Além disso, apreendem o mundo supranatural presente na mitologia e representado nas pequenas figuras. Entre 5 e 6 anos de idade as meninas ganham de presente um conjunto de bonecas composto por 10 ou 12 figuras, conhecido como “família”, representando avô, avó, recém nascido, criança pequena, pai e mãe, menino e menina pré pubertários, fase de iniciação feminina e masculina, jovens solteiros. As diferenças de status são reconhecidas pela pintura corporal, pelo corte de cabelo e adereços. Com a intensificação dos contatos com os não índios, chamados de Tori pelos Karajá, pois foram avisados pelo pássaro Toritori de sua chegada, o estilo das figuras tem se modificado. As Hankanaritxokó ou bonecas antigas eram confeccionadas com cabelo de cera, com formas exageradas, sem braços. Por volta da década de 1950, com influências do Serviço de Proteção ao Índio, as figuras foram ganhando outras formas, acrescentando membros mais definidos e cenas da vida cotidiana, para que tivessem maior valor de comércio. As bonecas antigas não se sustentam na posição em pé ou sentadas, não despertando muito o interesse de turistas que gostam de expor seus bibelôs. As bonecas modernas que geralmente são modeladas na posição sentadas aumentaram o seu poder de venda, fornecendo certa autonomia financeira aos Karajá, como propunha o SPI. Até hoje não se conhece outro grupo indígena brasileiro que produz esse tipo de artefato, o que vem povoando acervos de museus nacionais e estrangeiros com essas curiosas figuras. O exame de coleções de bonecas armazenadas em museus aliado à pesquisa de campo e as bases conceituais da antropologia, vem favorecendo a análise de conexões entre arte e sociedade, em que o objeto assume o testemunho de práticas sociais vinculadas à cultura de origem. Nas inúmeras coleções museológicas analisadas não foi possível compor nenhuma “família” de bonecas, o que tornou a pesquisa de campo fundamental para a descoberta dessa informação, levando à compreensão da estrutura familiar Karajá e da dinâmica de mudanças ou permanências de várias esferas da vida social. ARTE KARAJÁ Carmen Junqueira Talvez uma faceta pouco conhecida do mundo indígena é a qualidade artística dos bens que as pessoas produzem e reproduzem no interior de suas comunidades. Ali paira no ar aquilo que Darcy Ribeiro expressou como sendo a vontade de beleza, que é o empenho em alcançar a perfeição. Corpo, mão e cabeça, treinados através das gerações, se dedicam a revelar o melhor de suas habilidades na elaboração da música, da dança, cestaria, adorno plumário, pintura corporal e cerâmica. Uma característica importante dessa criação artística é o fato dela estar articulada estreitamente com a vida concreta das pessoas, seus valores e seus sonhos. É o que vemos nessa exposição de bonecas karajá em que as ceramistas, todas elas mulheres, cuidam de criar um objeto que satisfaça a necessidade lúdica das crianças, ao mesmo tempo em que transmitem a elas os símbolos e sinais da sua tradição. Nas bonecas igualmente estão representadas situações da vida cotidiana, padrões estéticos que marcam o povo karajá, sua vida ritual e visão mitológica do universo. BONECAS-BRINQUEDO Dorothea Voegeli Passetti A família de 11 pequenas bonecas Karajá doada por Sandra Lacerda Campos ao Museu da Cultura não compõe apenas mais um item incorporado ao nosso acervo. Somos junto com o Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, onde ela atua orientando e supervisionando pesquisas, a única outra instituição que guarda uma coleção completa destas bonecas, e que mostramos agora nesta exposição. O conjunto de bonecas destinado a cada menina, usado como brinquedo, foi descoberto pela antropóloga durante pesquisa de campo realizada para seu doutorado, Bonecas Karajá, modelando inovações, transmitindo tradições, que orientei no Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da PUCSP. Bonecas são brinquedos e como tal, inevitavelmente ensinam algo, aproximando crianças de habilidades para lidar com a vida. Com a preciosa família de bonecas de barro que as pequenas meninas recebem de suas avós ou outras mulheres aparentadas, elas aprendem a brincar de mãe, como qualquer menina, e por meio delas lhes é transmitida a organização da sociedade Karajá a partir de categorias de idade pelas quais todos os indivíduos passam durante suas vidas. Os meninos participam das brincadeiras nas quais as crianças se familiarizam com as diversas categorias etárias e sociais através das pinturas nas bonecas, que reproduzem as marcas reais dos corpos masculinos e femininos. Quando as bonecas se quebram nas brincadeiras, elas não serão repostas. Considera-se simplesmente que preencheram suas funções. Passou muito tempo para se desvendar este segredo entre os Karajá e isso foi possível devido à minuciosa pesquisa etnográfica realizada em vários períodos, aliada à busca de informações em registros de museus. Brinquedo efêmero, feito a partir de padrões estéticos tradicionais e rígidos pelas mãos das artistas (como é toda mulher Karajá, apesar de diferenças quanto às habilidades e aos talentos) o conjunto de bonecas refaz, pelas brincadeiras, a vida desta sociedade. Exposition du 24 mars au 20 avril au Musée de la Culture Faculdade de Ciências Sociais PUC-SP

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