samedi 22 décembre 2007

Situation désespérée

Date: Thu, 20 Dec 2007 08:52:00 -0300
> > 
> *Nota sobre a decisão do STF e o estado de saúde de Dom Luiz *

> Hoje, pouco depois de tomar conhecimento do resultado do julgamento pelo 
> STF de ações contra a transposição de águas do Rio São Francisco, Dom 
> Luiz Cappio externou que não estava bem e sentia ?um desalento muito 
> grande?. Em seguida, por volta das 14 hs, deixou a reunião em que esta 
> nota era preparada e, ao se dirigir para seu quarto na Capela de São 
> Francisco teve um desmaio.

> De fato, ele alimentava esperanças de que a Justiça prevalecesse 
> finalmente. Classificou o Supremo Tribunal Federal como ?o último 
> refúgio da cidadania?, lamentando que também este tenha se curvado à 
> pressão dos fortes. Comentou que se repetia o mesmo acontecido no ano 
> passado: uma decisão tão importante como essa, sobre o maior, mais caro, 
> polêmico e conflitivo projeto do Brasil atual, foi tomada no último dia 
> do ano de exercício do Judiciário, com ausência de membros e num 
> comportamento que não considerou o mérito das inúmeras questões sociais, 
> econômicas e ambientais levantadas, antes fez vista grossa ao oceano de 
> ilegalidades cometidas, apegado a formalidades vazias. Tudo apenas para 
> justificar uma obra falaciosa da qual, se for concretizada, o País 
> futuramente irá se arrepender.

> D. Luiz voltou à consciência, mas era mais lenta que o esperado a 
> recuperação do seu quadro geral. Diante disso e do risco de possíveis 
> seqüelas, seu médio Dr. Frei Klaus Finkam, em consonância com seus 
> familiares e representantes dos movimentos sociais, decidiu removê-lo 
> para o hospital. E às 18,40 hs, após ter recebido aplicação de soro por 
> via indovenosa, ele foi levado em ambulância para o Hospital Memorial, 
> em Petrolina-PE. As últimas notícias são de que ele passa bem, sem 
> riscos maiores de vida.

> Não é verdade que ele tenha encerrado seu jejum. Sobre isso ele mesmo 
> vai dizer, quando tiver recuperado suficientes forças.

> Enquanto isso, por seu lado, o Governo Federal, sobre o respaldo que lhe 
> deu o STF, comunicou que estão fechadas as negociações que mal haviam se 
> iniciado.

> Sobradinho-BA / Petrolina-PE, 19 de dezembro de 2007.


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> São Francisco Vivo: Terra, Água, Rio e Povo!
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mercredi 12 décembre 2007

lettre de l'évêque Dom Luiz à la population du Nordeste brésilien

Carta ao Povo do Nordeste

Queridos Irmãos e Irmãs Nordestinos, do Ceará, do Rio Grande do Norte, da Paraíba e do Pernambuco,

Paz e Bem!

Quando encerrei o jejum de 11 dias em Cabrobó, há dois anos atrás, acreditei sinceramente que o governo federal cumpriria sua palavra empenhada no acordo que assinamos. Este acordo estabelecia um amplo, transparente e participativo debate nacional sobre o desenvolvimento do Semi-árido e da Bacia do São Francisco. Acreditávamos piamente que se esse debate fosse verdadeiro seriam esclarecidas as reais necessidades e potencialidades do Semi-árido, e ficaria evidente que a transposição não era necessária nem conveniente ao povo nem ao rio. As águas abundantes do semi-árido falariam por si. E os projetos alternativos existentes se imporiam, como as obras do Atlas Nordeste para o meio urbano e as experiências da ASA – Articulação do Semi-Árido para o meio rural.

O governo não cumpriu o prometido, abortou o debate apenas iniciado, ganhou as eleições e colocou o Exército para começar as obras da transposição. Movimentos e entidades da sociedade organizada intensificaram as mobilizações e os protestos, mas o governo se fez de surdo. Diante disso, não me restou outra alternativa senão retomar o jejum e oração, como havia dito que faria se o acordo não fosse cumprido. Para isso escolhi a capela de São Francisco, em Sobradinho – BA, bem próximo da barragem de Sobradinho, que há 30 anos passou a ser o coração artificial do Rio São Francisco, um doente em estado terminal.

Sei que meu gesto causará estranheza e incompreensões em muitos de vocês. Não os culpo por isso. Há gerações vem sido dito a vocês que só a grande obra da transposição “resolve” a seca. Entre os maiores interessados nela estão pessoas que vocês bem conhecem, pois são as mesmas que há muitos anos dominam e exploram a região usando o discurso da seca para desviar dinheiro público e ganhar eleições. 

A seca não é um problema que se resolve com grandes obras. Foram construídos 70 mil açudes no Semi-árido, com capacidade para 36 bilhões de metros cúbicos de água. Faltam as adutoras e canais que levem essa água a quem precisa. Muitas dessas obras estão paradas, como a reforma agrária que não anda. Levar maiores ou menores porções do São Francisco vai tornar cara toda essa água existente e estabelecer a cobrança pela água bruta em todo o Nordeste. O povo, principalmente das cidades, é quem vai subsidiar os usos econômicos, como a irrigação de frutas nobres, criação de camarão e produção de aço, destinadas à exportação. Assim já acontece com a energia, que é mais barata para as empresas e bem mais cara para nós. Essa é a verdadeira finalidade da transposição, escondida de vocês. Os canais passariam longe dos sertões mais secos, em direção de onde já tem água.

Portanto, não estou contra o sagrado direito de vocês à água. Muito pelo contrário, estou colocando minha vida em risco para que esse direito não seja mais uma vez manipulado, chantageado e desrespeitado, como sempre foi. Luto por soluções verdadeiras para a vida plena do povo sertanejo – isso tem sido minha vida de 33 anos como padre e bispo do sertão. É, pois, um gesto de amor à vida, à justiça e à igualdade que nunca reinaram no Semi-árido, seja aí, seja aqui no São Francisco, longe ou perto do rio. 

Agora mesmo é grande o sofrimento do povo não muito distante do rio e do lago de Sobradinho que, em função da energia para um desenvolvimento contra o povo, está com apenas 14%. Um projeto de R$13 milhões que resolveria o abastecimento dos quatro municípios da borda do lago espera desde 2001 pelo interesse dos governantes...

O São Francisco precisa urgentemente de cuidados, não de mais um uso ganancioso que se soma aos muitos que lhe foram impostos e o estão destruindo. Como lhes disse da outra vez, fosse a transposição solução real para as dificuldades de água de vocês, eu estaria na linha de frente da luta de vocês por ela.

O que precisamos, não só no Nordeste, é construir uma nova mentalidade a respeito da água, combater o desperdício, valorizar cada gota disponível, para que não ela não falte à reprodução da vida, não só a humana. Precisamos repensar o que estamos fazendo dos bens da terra, repensar os rumos do Brasil e do mundo. Ou estaremos condenados à destruição de nossa casa e à nossa própria extinção, contra o Projeto de Deus.

Senhor, Deus da Vida, ajude-nos! “Para que todos tenham vida!” (João 10,10).

Recebam meu abraço e minha benção,


Dom Luiz Flávio Cappio, Ofm.

Sobradinho - BA, 29 de novembro de 2007.

Historique de la campagne contre le détournement du fleuve Sao Francisco


Retrospectiva


Acompanhe os principais acontecimentos desde que a equipe do presidente Lula desengavetou o projeto de transposição de águas do rio São Francisco e organizações sociais, movimentos populares, povos e comunidades tradicionais intensificaram os atos pelo arquivamento definitivo do projeto. 

2004
Lula desengaveta o projeto da transposição.

2005
26/09 a 06/10 – O Dom Luiz Flávio Cappio, faz jejum contra o projeto de transposição, em Cabrobó (PE). O presidente Lula, pressionado, envia o então ministro Jaques Wagner para negociar. A “greve de fome” encerra mediante a assinatura de um acordo.

- Formação da comissão para negociação e debate entre governo e organizações sociais.

Novembro – O Ministério Público Federal e o da Bahia, além do Fórum Permanente em defesa do São Francisco na Bahia, entram com nova ação junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), pedem a suspensão do processo de licenciamento ambiental em trâmite no Ibama.

15/12 – Primeira audiência do presidente Lula com a comissão de negociação e Dom Luiz Cappio.

2006
23/02 – Ofício é protocolado para o presidente Lula cobrando agenda para debate público sobre o projeto de transposição, prometido pelo governo desde outubro de 2005. Assinam o documento Dom Tomaz Balduino, pela CPT, Dom Luiz Cappio, Ministério Público e Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco. 

06 e 07/07 – Oficina de trabalho sobre desenvolvimento do semi-árido, entre representantes da sociedade civil e do governo federal, criação de três câmaras temáticas para aprofundar as questões sobre revitalização.

04 a 07/10 – Acampamento de Mobilização e Formação de Cabrobó (PE).

10/11 – Tribunal de Contas da União publica Relatório de Auditoria Operacional do Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional, e faz recomendações ao Ministério da Integração.
 
Dezembro – Lançamento do Atlas Nordeste, da Agência Nacional de Águas (ANA), com propostas alternativas para abastecimento em áreas urbanas de municípios com 5 mil a mais habitantes, nos nove estados do Nordeste e mais o norte de Minas Gerais.

19/12 – O então Ministro Sepúlveda Pertence (STF) derruba as 11 liminares que impediam o início das obras do projeto de transposição. 

2007
22/01 – Lançamento do PAC – recursos públicos no PAC destinados ao projeto de transposição: R$  6,6 bilhões, no período 2007 a 2010.

05/02 - Fórum Permanente de Defesa do São Francisco na Bahia entra com recurso no STF contra a decisão do ministro Sepúlveda Pertence que suspendeu as liminares. 

12/02 – Procurador Geral da República, Fernando Antonio de Souza, entra com recurso no Supremo Tribunal Federal e pede a cassação da licença ambiental para obra da transposição.

21/02 – D. Luiz protocola carta à Lula reivindicando a retomada do diálogo.

Março - O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos recursos Naturais Renováveis (IBAMA) concede licença ambiental e autoriza o início das obras da transposição.

12 a 16/03 – Acampamento em Brasília “Pela vida do rio São Francisco e do Nordeste, contra a transposição”, com mais de 600 pessoas da Bacia do Rio São Francisco e de outros estados, como Ceará e São Paulo. 

16/03 – Geddel Vieira Lima é nomeado ministro da Integração Nacional no lugar de Pedro Brito.

16/04 – OAB/SE entra com ação contra o projeto do governo federal, de transposição do Rio São Francisco. Documento com 150 laudas traz estudos do Banco Mundial, relatos sobre a situação hídrica do Ceará, a escassez por má distribuição e a afirmação que seria sete vezes mais barato fazer obras para abastecimento no chamado Nordeste Setentrional.

Maio – Exército reforça grupamentos que tocam a primeira parte da obra na área da tomada de água dos eixos norte e leste do projeto de transposição. 

04/06 - Carta cobra de Geddel cumprimento de acordo firmado pelo governo federal, desde 2005. Assinam: Dom Luiz Cappio, Adriano Martins, Yvonilde Medeiros, Jonas Dantas (Fórum Permanente de Defesa do São Francisco), Luciana Khoury (Ministério Público da Bahia); Subscrevem: ASA (Articulação do Semi Árido), Frente Cearense por Uma Nova Cultura das Águas; Fórum Sergipano, Via Campesina Brasil, MST Brasil, comunidades quilombolas, pescadores e povos indígenas da Bacia, Ministério Público de Sergipe, professores João Suassuna e João Abner.

26/06 a 04/07 - Mais de 1500 pessoas ocupam o canteiro das obras do eixo norte do projeto de transposição, em Cabrobó (PE). Nos dias seguintes índios Trukás e Tumbalalás ocupam e retomam terras na mesma região. 

Julho - Procurador geral da República, Antonio Fernando de Barros, entra com petição em que pede a suspensão imediata das obras de transposição.

19/08 a 01/09 – Caravana em defesa do rio São Francisco: contra a transposição e por uma nova estratégia em relação ao semi-árido brasileiro percorre 11 cidades.

10 a 14/09 – Mutirão de trabalho na região do eixo leste do projeto de transposição.

03 a 10/11 – Mutirão de trabalhos na região do eixo norte do projeto de transposição.

27/11 – Dom Luiz Cappio retoma greve de fome e afirma que só irá cessar o ato se o exército for retirado da região e o projeto for arquivado definitivamente. 

grève de la faim contre le détournement du fleuve Sao Francisco


Aumenta o número de visitas e apoio ao jejum do bispo Luiz Cappio

Sobradinho – “O povo merece respeito, aquele que põe a mesa do brasileiro merece ser valorizado”, disse frei Luiz Cappio aos quase 200 pescadores que o visitaram no final da manhã de hoje (02). No sexto dia de jejum em manifesto que pede o arquivamento do projeto de transposição de águas do rio São Francisco, o bispo afirma se sentir bem e continua a receber a todos que chegam para visitar e solidarizar com a causa.

Os pescadores da colônia Z-026 de Sobradinho (BA), reunidos em assembléia, hoje de manhã, decidiram seguir em caminhada até a capela São Francisco, onde o bispo está. Eles carregavam faixas e foram acompanhados por um carro de som. “Esse é um momento importante para que os pescadores reivindiquem o próprio direito de continuar a trabalhar. É um apelo para que o governo olhe pra gente”, disse o presidente da colônia, Valdécio Rodrigues da Silva.

No encontro com o bispo houve novo momento de assembléia e o foco das falas era a situação de escassez de nutrientes e peixes no rio, assim como em seus afluentes. “O São Francisco tem um espelho grande, mas água não existe na mesma proporção, o que existe é muita areia por causa do assoreamento”, argumenta Valdécio.

Ele assegura que no início desse ano houve uma cheia em cidades banhadas pelo São Francisco, como Juazeiro (BA), com chuva de apenas 800m³ de água por segundo, quando em 1979 era preciso mais que 1600 m³/s. “A única solução é a gente apelar mesmo para que o governo faça alguma coisa”, completa.

Além dos pescadores, Dom Luiz tem recebeu a visita de moradores de comunidades dos municípios da região. Pela manhã, dois ônibus lotados por estudantes universitários se reuniram com o frei para entender melhor os motivos do ato.

Hoje a tarde está prevista a realização da missa campal. As pessoas do município e da região devem se encontrar às 18h e seguir em caminhada, até a frente da capela, onde haverá a celebração. A partir de amanhã está prevista a realização de atos na Bahia e em outros estados, em solidariedade. 

Padres do oeste da Bahia, da diocese do frei Luiz, Barra, chegaram hoje, além de representantes da direção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Amanhã devem chegar os bispos Dom Thomáz Balduíno e Eugênio Rixen, da diocese de Goiás Velho. Na terça-feira, são esperadas centenas de pessoas para a caminhada que seguirá desde o local do jejum, até as margens do São Francisco.

Contatos: 
Ruben Siqueira – Comissão Pastoral da Terra: (71) 92086548
Alzení Thomaz – Conselho Pastoral dos Pescadores (75) 9136102
Maria Oberhofer – IRPAA: (74) 91156977
Comunicação
Clarice Maia – Articulação São Francisco Vivo: (71) 92369841
Todos os arquivos referente ao jejum podem ser encontrados no site: www.umavidapelavida.org.br 

lettre de soutien à envoyer au président Lula

Exmo. Senhor Presidente da República - Luiz Inácio Lula da Silva
Exmo. Senhor Ministro da Integração Nacional - Geddel Vieira Filho


Saudações cordiais,

Acompanhamos com interesse os planos do Governo Brasileiro para o Rio São Francisco, tanto no que concerne ao Projeto de Transposição quanto ao Programa de Revitalização.

Respeitosamente, dirigimo-nos a V.a. Ex.a. para compartilhar preocupações sobre os previsíveis impactos sociais e ambientais do Projeto de Transposição.

Sabemos a importância histórica, cultural, social, econômica e ambiental do “rio da integração nacional”. Temos também conhecimento dos problemas deste Rio, tais como o desmatamento, o assoreamento, a poluição por esgotos e agrotóxicos, as barragens e o avanço indiscriminado do agronegócio sobre o Cerrado e Caatinga. O estado atual de baixa vazão da barragem Sobradinho de 14% da sua capacidade é prova desta degradação.

O estado de degradação do São Francisco torna temerário qualquer acréscimo de novo uso aos atuais, múltiplos e, em muitos aspectos, já conflitantes. 

Desde 27 de novembro de 2007, Dom Luiz Cappio, bispo da Diocese de Barra (Bahia), retomou seu jejum e suas orações em protesto contra a forma autoritária com que o governo federal impõe a obra de transposição do rio São Francisco sem um debate democrático sobre a viabilidade desta obra.

Em carta enviada ao presidente, Dom Luiz lembra que Lula não cumpriu o acordo assumido em outubro de 2005. Na ocasião, Dom Luiz suspendeu um jejum de onze dias, após o presidente ter se comprometido a suspender o processo da transposição e iniciar um amplo diálogo sobre o projeto com a sociedade.

A obra da transposição do Rio São Francisco não tem capacidade de levar água para 12 milhões de nordestinos, como a propaganda quer iludir. Ao contrário, ela é desenhada para beneficiar a produção de frutas nobres, etanol, aço e criação de camarão destinados principalmente para o mercado internacional, enriquecendo ainda mais poucas grandes empresas.

A região semi-árida tem grande diversidade de situações e potencialidades hídricas para o consumo humano e o desenvolvimento sustentável. Para atender à população do semi-árido, há alternativas melhores e mais baratas, por exemplo: as 530 obras sugeridas pela Agência Nacional de Águas (ANA) e que abasteceriam os 1,3 mil municípios da região a um custo de R$ 3,6 bilhões (quase metade dos R$ 6,6 bilhões da transposição). Para o meio rural tem as alternativas de Convivência com o clima desenvolvidas no âmbito da Articulação do Semi-Árido (ASA).

Diante deste quadro, o Projeto de Transposição exige questionamentos e cuidados. Ainda mais porque se trata de um projeto com varias ilegalidades que estão sendo questionadas judicialmente e que ainda esperam posição do Supremo Tribunal Federal (STF).

Por isso, as pessoas, entidades e organizações abaixo-assinadas pedem que sejam suspensas as obras da transposição, que vem sendo realizadas pelo Exército Brasileiro. 

Exigimos que seja ouvido o grito dos povos do São Francisco presente no jejum de Dom Luiz Cappio.


Atenciosamente,

lettre de l'évêque Dom Luis au président Lula

Carta de acordo 

PAZ E BEM!

Senhor Presidente,
Paz e Bem!

No dia 6/10/05, em Cabrobó-PE, assumimos juntos um compromisso: o de suspender o processo de Transposição de Águas do Rio São Francisco e iniciar um amplo diálogogoverno e sociedade civil brasileira, na busca de alternativas para o desenvolvimento sustentável para todo o semi-árido. Diante disso, suspendi o jejum e acreditei no pacto e no entendimento.

Dois anos se passaram, o diálogo foi apenas iniciado e logo interrompido.

Já existem propostas concretas para garantir o abastecimento de água para toda a população do semi-árido: as Ações previstas no Atlas do Nordeste apresentadas pela Agência Nacional de Águas (ANA) e as ações desenvolvidas pela Articulação do Semi-Árido (ASA).

No dia 22 de fevereiro de 2007 protocolei no Palácio do Planalto documento solicitando a reabertura e continuidade do diálogo e que fosse verdadeiro, transparente e participativo.  Sua resposta foi o início das obras de transposição pelo exército brasileiro.

O senhor não cumpriu sua palavra.  O senhor não honrou nosso compromisso. Enganou a mim e a toda a sociedade brasileira.

Uma nação só se constrói com um povo que seja sério, a partir de seus dirigentes.  A dignidade e a honradez são requisitos indispensáveis para a cidadania.

 Portanto, retomo o meu jejum e oração.  E só será suspenso com a retirada do exército das obras do eixo norte e do eixo leste e o arquivamento definitivo do Projeto de Transposição de águas do Rio São Francisco.  Não existe outra alternativa.

Acredito que as forças interessadas no projeto usarão de todos os meios para desmoralizar nossa luta e confundir a opinião pública.  Mas quando Jesus se dispôs a doar a vida, não teve medo da cruz.  Aceitou ser crucificado, pois este seria o preço a ser pago.

A vida do rio e do seu povo ou a morte de um cidadão brasileiro.

“Quando a razão se extingue, a loucura é o caminho.”

lundi 3 décembre 2007

Le soja dévastateur

LE SOJA : dévastateur sur les lieux de production, problématique chez nous.

L’association ARUANA est née pour appuyer la lutte pour leur survie des peuples indigènes qui vivent le long du fleuve Araguaia (centre du Brésil au sud de l’Amazonie).

Le gouvernement de Fernando Enrique Cardoso avait projeté de développer une région de 2 millions de km2 (l’Europe de l’Ouest) appelée le Cerrado (savane arborée) encore en grande partie intacte. Cette région est d’une grande richesse écologique,  particulièrement en espèces de plantes médicinales. Sa biodiversité égale celle de l’Amazonie bien que les données pour ces deux régions ne soient pas encore complètes. La constitution protège l’Amazonie (eh oui !) mais pas le Cerrado qui, outre sa surface disponible, se trouve proche de la capitale Brasilia.

Afin de payer des dettes anciennes et nouvelles, de développer le pays et de céder aux sirènes des milieux économiques, il était prévu de mettre en œuvre un projet appelé « Avance Brésil » comportant le développement d’infrastructures lourdes (voies navigables, barrages, routes) et  de l’agriculture industrielle tournée vers l’exportation.  Ce projet a été concocté dans les milieux décisionnels sans aucune concertation avec la population locale et le gouvernement Lula l’a mis en place.

A partir de l’état du Mato Grosso, 5 voies navigables doivent être construites. L’une d’entre elles, le rio Madeira, existe déjà et comme les autres a pour fonction dominante de transporter le soja, nouvelle culture qui s’étend rapidement et remplace l’élevage et les productions traditionnelles (céréales, tournesol). Le front agricole[1] avance, lui, à toute vitesse en direction de l’Amazonie.

Or, dans cette région vivent encore des peuples indigènes aux effectifs déjà très réduits. Le long du fleuve Araguaia (affluent du Tocantins) vivent plus de 20 peuples mais leur nombre ne dépasse pas 20.000 personnes. Lorsque ce fleuve sera transformé en voie navigable et en une chaîne de barrages, il ne leur restera plus que leurs yeux pur pleurer. Peuples pêcheurs, non chasseurs, non agriculteurs, autochtones des lieux depuis des millénaires (attesté par les recherches archéologiques), ils ne pourront pas survivre sans leur source d’alimentation que constituent les poissons, abondants dans ces eaux très riches.

Ces peuples disparaîtront parce que le Brésil exporte du soja. En même temps ce sont les savanes arborées du Cerrado qui disparaissent et avec elles leur grande richesse  en plantes médicinales dont on n’a pas encore l’inventaire complet. Le climat local se modifie, l’hydrologie de la région également. Or le Cerrado est le château d’eau de la capitale mais aussi du Pantanal, la plus grande zone humide du monde ! Et ses conditions pédologiques qui ne permettent pas un usage intensif des terres, promettent une érosion du sol catastrophique qui a déjà commencé. On estime à 10 kg de sol fertile perdus pour un kg de grains produits. Il y a déjà dix ans, on mesurait 1700 tonnes de sédiments transportés par un seul cours d’eau en direction du Pantanal avec pour conséquence le rehaussement du lit de cette rivière et une inondation permanente des terres (exploitations agricoles) alentours.

60% du soja produit actuellement au Brésil est exporté vers l’Europe, principalement via Rotterdam mais aussi Liverpool et Honfleur.

Dans le Cerrado au moins 1 million de km2 doit être cultivé en soja. Avec l’irrigation et l’utilisation de pesticides à haute dose que cela entraîne. Et la désertification à moyen terme de terres biologiquement et culturellement riches. Peuples indigènes et nature sont sacrifiés. La culture du soja progresse rapidement vers l’Amazonie et on peut s’attendre à une expansion rapide car des accords ont été conclu avec les USA pour transformer le soja en agrocarburant !

A quoi cela sert-il ?

La réponse, vous la connaissez peut-être. Vous avez remarqué qu’on utilise du soja partout à l’heure actuelle (médicaments, cosmétiques, nourriture (voir les plaques de chocolat toutes avec de la lécithine de soja), élevage, etc.). Le soja remplace les plantes qui étaient utilisées traditionnellement en Europe. Non parce qu’il contient de meilleurs éléments nutritifs ou sanitaires. Simplement parce qu’il est moins cher. Pourquoi est-il moins cher ? Parce que le prix de la terre et le coût de la main d’œuvre sont extrêmement intéressants au Brésil ! En plus les voies navigables seront payées par le contribuable. L’opération est une excellente manière de gagner beaucoup d’argent rapidement. Elle est d’une rentabilité haute. Il n’est dès lors pas étonnant de voir quelques noms connus de l’agroalimentaire et de la navigation intéressés par le développement du soja. Et le roi du soja brésilien s’est faire élire gouverneur de l’état du Mato Grosso, l’un des plus grands, celui qui a le plus fort taux de déforestation et celui d’où doivent partir les cinq voies navigables… Il faut savoir que le cours du soja est fixé à la bourse de Chicago. En fonction des intérêts des investisseurs et autres spéculateurs, le taaux de déforestation s’accroît ou ralentit !

Sur les lieux de plantation, cette production en monoculture aura les effets décrits plus haut. Dans les pays de réception, cette importation empêche les exploitants agricoles de fournir les plantes remplissant le même usage et dont l’intérêt nutritionnel est meilleur. Aux deux bouts de cette chaîne, les populations concernées sont perdantes.

Et les consommateurs ?

Ils n’ont guère le choix ! Comment peuvent-ils d’une part connaître l’historique (la traçabilité) du soja contenu dans divers produits ou dans la viande animale et d’autre part les produits agrotoxiques qui l’accompagnent ? Comment peuvent-ils savoir que ce produit vient d’une monoculture gourmande en eau ? Qu’il détruit un énorme potentiel  phytothérapique ? Qu’il est un produit d’investissement financier ? Et qu’il est favorisé par les banques japonaises, les sociétés agroalimentaires (Monsanto, Bunge, Cargill et la française Louis-Dreyfuss) ?

AGISSONS !  Adhérez à l’association ARUANA et devenez membre actif


[1] Expression brésilienne pour indiquer l’avancée de l’agriculture intensive dans les régions encore peu exploitées et notamment en direction de l’Amazonie.

l'Association Aruana

Notre association :  

L’association ARUANA est née le 9 décembre 2000  : elle vise à soutenir les peuples amérindiens Karaja et leurs alliés, dans leurs projets de développement durable et de sauvegarde de leur environnement et de leur culture. 

Le gouvernement brésilien projette depuis plusieurs années de développer le Cerrado - 1,5 millions de km2 au Sud de l’Amazonie – en le  transformant en grande partie en monoculture de soja destiné à l’exportation, mais également de désenclaver ce secteur par l’aménagement de trois grands fleuves sur plus de 2500 km de long. 

Ce projet menace directement 15 peuples indigènes, dont les Karaja, regroupant en tout environ 20.000 personnes qui vivent en symbiose avec ces fleuves ; un patrimoine naturel exceptionnel (estimé à 5% de la biodiversité mondiale) est également menacé. Le projet du gouvernement brésilien, le ” corridor multimodal centre-nord ”  consiste 1) à poursuivre la transformation d’une savane arborée d’une très grande richesse écologique, le Cerrado, situé à la limite de l’Amazonie, en zone de monoculture de soja : 1,5 millions de km2 sont concernés. Ce soja est destiné à l’exportation, vers l’Europe en particulier, pour l'alimentation du bétail
2) rendre accessible cette savane au transport fluvial en aménageant 3 fleuves (Araguaia, Tocantins et Rio das Mortes) : plus de 2520 km de fleuves sont menacés. Des projets de barrages hydroélectriques se sont greffés au transport fluvial.

Le projet fut bloqué deux ans par la justice pour cause d’irrégularités dans la présentation des résultats des études d’impacts. Toutefois, la procédure a été relancée fin avril 2001…et repart de plus belle en 2007 !

Quelques conséquences prévisibles de ce projet :

=> conséquences écologiques
disparition de la savane arborée, de sa faune et de sa flore sur une grande superficie
pollution et érosion des sols liées à la culture intensive de soja et épuisement des réserves en eau.

=> conséquences socio-économiques et culturelles :
- régression de l’habitat naturel de la faune aquatique, base de l’alimentation Karaja (poissons, tortues), suite à l’aménagement des fleuves,
- passage incessant de bateaux de frêt et risque de pollution de l’eau et d’accidents,
- banalisation des milieux fluviaux intacts, à la base de la culture, des mythes et des légendes Karaja,
- régression des matières premières entrant dans la pharmacopée ou servant à la réalisation d’objets artisanaux et des constructions.


Ce qu’en pensent les indiens :

 ” il ne nous sert à rien d’être indemnisés car dans les supermarchés, on ne peut pas acheter de tortues, de poissons et d’autres animaux sauvages ”

” nous souhaitons que le progrès dont on parle soit réellement pour tous ”

Les Karaja et les autres peuples vivant le long du fleuve Araguaia ne sont pas les seuls à être menacés par les projets de développement intensifs. 


Quelques actions déjà réalisées par l’association ARUANA : 

@ lancement, avec ICRA international1, de la pétition ” pour la survie des peuples indigènes du Brésil central ”;
@ information du public sur les projets de développement brésiliens et leurs conséquences sur les Amérindiens (conférences, articles de presse , expositions, vente d'artisanat , réalisation et projection d'un film...);
@ information du public français sur les impacts en chaîne de la production et de l’exportation de soja. Un nouveau sujet d'inquiétude a vu le jour sous la forme de l'expansion rapide de la culture de plantes destinées à remplacer les carburants pétroliers, appelées biocarburants. 
@ exposition et conférences sur le patrimoine culturel des Amérindiens;
@ soutien financier aux Karaja pour les aider à se structurer, à s’organiser, à se déplacer vers la capitale pour rencontrer les autorités, les équiper en matériel de communication (les indiens habitent plusieurs villages assez isolés les uns des autres sur des centaines de kilomètres) et financer l’équipement informatique de la maison de la culture karaja et tapirapé; 
@ soutien financier aux Xavante pour la publication de brochures pédagogiques dans leur langue;
@ financement de l'installation d'une source d'eau potable et de l'équipement de soins de premier secours chez le peuple Mundurucu-Tapajos. Un autre projet est en cours pour les aider à financer le reboisement en espèces utiles dans leur région déboisée. 

L'argent provient de dons et de la vente d’artisanat. Nous n'avons pas encore demandé de subvention. 

Ces actions sont réalisées en lien avec les ONG locales (environnement, droits de l’homme, travailleurs ruraux, église) et notamment avec des collectifs indigènes des peuples mentionnés. Deux personnes de l’association se rendent régulièrement sur le terrain.

   Pour en savoir plus,
   entrez en contact avec nous à l'adresse suivante :
   aruanassoc@free.fr 



1 : ICRA INTERNATIONAL : International Commission for the Rights of Aboriginal Peoples - 236, avenue Victor Hugo -  F-94120 FONTENAY-SOUS-BOIS - Tél.: 01 48 77 86 02 - Fax : 01 43 94 02 45 - icra-int@worldnet.fr - URL :  http://services.worldnet.net/icra-int



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@ signer la pétition ” pour la survie des peuples indigènes du Brésil central ”; beaucoup d’entre vous pensent que ça ne sert pas à grand chose… et pourtant, l’envoi de pétitions signées influence très souvent les gouvernements concernés !

@ faire part de vos avis au gouvernement brésilien en écrivant au Président de la République – Ambassade du Brésil à Paris – 34, cours Albert 1er – F-750008 PARIS (ou dans l’ambassade brésilienne de votre pays !)

@ devenir membre de l’association pour soutenir nos actions :

   Oui, je souhaite adhérer à l’association ARUANA en tant que : 
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Association ARUANA, 7, rue de Cronenbourg, 67300 Schiltigheim

Ou versement direct à Association Aruana
Crédit Mutuel Schiltigheim-Concorde : 
code banque 10278   - code guichet 01020  

dimanche 2 décembre 2007

Carte du Centre du Brésil

sur la carte, en encadré, vous voyez le territoire du peuple Karaja, le long du fleuve Araguaia. Le peuple Mundurucu réside le long du fleuve Tapajos. Les grands familles ethniques figurent également sur la carte. Les Karaja appartiennent au groupe Gé et les Mundurucu au groupe Tupi. 

Carte des zones biogéographiques d'Amérique du Sud

 En vert foncé l'Amazonie, en vert clair au centre du Brésil, le Cerrado, savane arborée 

jeudi 29 novembre 2007

Karaja


retour des champs




copyright E. Wenger

Karaja



peignes tissés de différents motifs à partir d'épines d'arbres


copyright E.Wenger

Karaja


pêcheur heureux d'un pirarucu, le plus grand poisson d'eau douce d'Amazonie



copyright E.Wenger

Karaja



jouets en terre séchée au soleil


copyright E.Wenger

Karaja


jeunesse heureuse


copyright E.Wenger

Karaja



cuisine





copyright F. Salvador

Karaja


faire son lit à partir de feuilles de palme






copyright F. Salvador

Karaja



vie de village





copyright F. Salvador

Karaja













copyright F. Salvador

Karajas



Jeunes filles Karaja pubères dansant avec leur masque





copyright F. Salvador

lundi 26 novembre 2007

la légende du dauphin (boto en portugais)

Les femmes du village allaient toujours ensemble à la rivière et le soir elles ne s'intéressaient plus à leur mari qui s'en sont inquiétés et ont cherché à en connaître la raison. En fait, elles allaient à la rivière, appelaient le caïman qui sortait de l'eau et leur apportait plein de poissons. Elles le préparaient avec de nombreux fruits de la forêt. Ensuite le caïman s'étendait pour faire la sieste en s'appuyant sur les femmes. Puis il faisait l'amour avec chacune d'elles. Bien sûr, hors de l'eau, le caïman devenait un bel homme.

Le cacique (chef de village), inquiet, demanda à un enfant d'aller suivre sa mère pour voir ce qu'il se passait. Comme elle refusait de l'emmener, il lui dit : "si je ne peux pas venir avec toi, je te tuerai avec mon arc". Elle a donc accepté del'emmener et il a tout vu mais elle lui a fait promettre de ne rien dire. Il a promis. Mais son oncle lui a demandé de raconter et de venir le raconter près de la case Aruana (maison des hommes au-dessus de dix ans). Son père ne voulait pas car l'enfant était trop jeune. Le garçon l'a à son tour menacé de le tuer. Il a donc accepté à condition qu'il reste devant la case. Et le garçon a raconté.

Les hommes décidèrent d'éliminer le caïman. Ils ont rusé. Le garçonnet a imité le cri des femmes pour appeler le caïman. Il est venu. Comme dans le temps hommes et femmes avaient les cheveux longs, le caïman ne fit pas de difficulté. Ils mangèrent poissons et fruits. Puis le caïman s'endormit sur les hommes qui l'ont tué. Ils ont fait manger sa chair par les femmes. Elles furent furieuses en l'apprenant et commencèrent à lutter avec les hommes. Les hommes avec la pointe des flèches retournées, les femmes avec les pointes en avant. Beaucoup d'hommes sont morts et les femmes sont parties en annonçant qu'elles quittaient les hommes pour devenir dauphins. Depuis ce jour, les hommes ne tuent ni ne mangent les dauphins.

Mythe recueilli auprès de Luis Macuaré Karaja du village Tytema en mars 1999.

Tribos Guarani



Guarani - Povo de língua da família Tupi-Guarani. Na época da chegada dos europeus, viviam nas regiões entre os rios Uruguai, Iguaçu e Paraná, a leste do rio Paraná (atualmente sul de Mato Grosso do Sul; oeste de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul; Paraguai; norte da Argentina e Uruguai). Nos séculos XVII e XVIII, grande parte desses territórios era de domínio espanhol onde foram instaladas missões de jesuítas ligadas a província espanhola da Companhia de Jesus. Os jesuítas estudaram e documentaram fartamente a língua Guarani desde 1625. Nessas missões, de economia marcadamente coletivista, os Guarani atingiram alto grau de desenvolvimento e domínio de técnicas européias, mas tornaram-se presas fáceis para os bandeirantes paulistas e, posteriormente, fazendeiros paraguaios. Após a destruição das missões, os índios que não foram capturados fugiram para as matas e juntaram-se a grupos que haviam permanecido independentes. Dirigiram-se também para o Paraguai, onde o Guarani Paraguaio é falado hoje por cerca de 3 milhões de pessoas; para a Bolívia, onde o Guarani Boliviano (ou Chiriguano) é falado por cerca de 50 mil pessoas; e para o norte da Argentina. Dos índios capturados, alguns foram levados como escravos pelos bandeirantes e outros foram empregados, como mão-de-obra escrava ou quase, pelos fazendeiros que iniciaram a ocupação destas terras com a extração de erva-mate. (Foto:Grupo Nhãmandu Mirim)

lundi 15 octobre 2007

Défense des indiens isolés

BRAZIL: Pérou - Brésil : des Indiens isolés fuient le boom de "l'or rouge" 2 Aou 2007


Un représentant du gouvernement brésilien et un spécialiste des Indiens isolés ont annoncé qu'un important groupe d'Indiens isolés s'était réfugié dans un village reculé d'Amazonie, près de la frontière entre le Pérou et le Brésil.

On pense que les Indiens ont fui vers le Brésil en raison de l'arrivée illégale au Pérou de nombreux bûcherons à la recherche de mahogany, un bois d’acajou rare surnommé "l'or rouge". Les bûcherons, qui détruisent les territoires des Indiens, les forcent à trouver refuge ailleurs, les exposant ainsi à des contacts dangereux avec les étrangers.

Les Indiens isolés ont soudainement fait irruption dans le village de Bananeira et y sont restés un jour et une nuit. Un autre groupe plus restreint a également été repéré à Liberdade, une village voisin.

José Carlos dos Reis Meirelles Júnior, responsable du poste de la Funai (Fondation nationale de l’Indien) proche de la frontière péruvienne a alerté les autorités brésiliennes : "Nous sommes au bord du désastre. L'exploitation forestière illégale dans les zones protégées au Pérou qui repousse les Indiens isolés vers le Brésil, risque de créer des conflits et de les amener vers des lieux inconnus d’eux".

Le Pérou recèle certaines des dernières réserves mondiales d’acajou qui sont situées dans des zones habitées par quelques-uns des derniers peuples isolés de la planète. N’étant pas immunisés contre les maladies nouvelles, ces groupes sont particulièrement vulnérables à toute forme de contact avec l’extérieur.

Stephen Corry, directeur de Survival International, a déclaré aujourd’hui : « Après la ruée vers "l'or noir", vient la ruée vers "l'or rouge". Le gouvernement péruvien doit prendre des mesures d’urgence et interdire l'exploitation forestière sur le territoire des Indiens isolés. S'il ne le fait pas, il est fort probable qu’ils soient le premier peuple à disparaître au XXIème".


Pour plus d’informations
Magali Rubino 00 33 (0)1 42 41 44 10
magali@survivalfrance.org

samedi 13 octobre 2007

Comment nous aider

Lettre de rentrée SEPTEMBRE 2007


Chers adhérents, chers amis,
Il y a longtemps que vous n'avez pas reçu de courrier et par conséquent pas de nouvelle de notre association. Mais elle n'est pas morte même si elle n'a pas été très active ces derniers temps !
Je porte une partie de la responsabilité car mon travail m'a éloigné de l'Alsace mais je suis à présent de retour. Par ailleurs plusieurs de nos membres actifs ont été eux aussi en déplacement ou ont eu des problèmes personnels. Tout semble s'arranger à présent et nous serons de nouveau prêts pour de nouvelles activités.

vendredi 12 octobre 2007

La prolifération du soja au Brésil

Voyez les méfaits de l'agriculture intensive du soja au Brésil

extrait du documentaire de Maurice Dubroca pour France 5 dans le cadre de la série Jangal. Voir le lien internet ci-contre 

Soja
envoyé par charlepagne

Mythe de l'origine du peuple karaja




" En ce temps-là les Karaja vivaient au fond du grand fleuve (Araguaia). Un homme venait d'être père; il lui fallait manger du miel. Il partit en chercher. Il entendit alors le cri de la seriema.
Il alla dans sa direction. Alors il vit un trou et sortit. Dehors, il découvrit un monde immense avec de grandes plages et de nombreux arbres. Il mangea du miel et des fruits délicieux. Il en rapporta pour sa famille qui l'attendait inquiète de ne pas le voir revenir. Tout le monde goûta de ces fruits et décida d'aller dans cet autre monde. Wobedu sortit le premier avec sa famille. Kaboi fut le dernier mais resta bloqué dans le trou à cause de son gros ventre. Il ne pouvait pas sortir. Alors il regarda autour de lui et vit des arbres morts, du bois sec. Il dit à ses proches : "ce monde n'est pas bon, il y a la mort; retournons chez nous". Une partie de notre peuple est donc restée au fond des eaux. Ils nous appellent les habitants du dehors.

"Le même mythe me fut conté dans l'aldéia Tytema par Luis Macuaré Karaja avec de légères variantes. Il tenait sa version de ses parents. C'est une vieille femme sage,Raradjutseu, et non Kaboi qui vit les arbres morts et recommanda de ne pas s'installer sur terre. Elle y retourna tout de suite en annonçant que ceux qui voudraient revenir plus tard trouveraient la porte fermée, et c'est ce qui s'est passé. Dans la variante, le cacique s'appelle Wohubedo. En allant chercher du miel à l'occasion de la naissance de son premier enfant, il a oublié de faire une prière pour demander chance et protection contre les autres animaux et demander pardon pour les animaux qu'il serait amené à tuer. Du coup il a perdu son chemin. Il a entendu le chant de la siriema et l'a suivi. Il est sorti du fleuve et s'est mis à chercher les abeilles. Dasn son monde sub-aquatique, elles étaient par terre. Les abeilles l'ont entendu et l'ont appelé. Devant le cacique se tenait une jeune femme qui lui expliqua qu'elle fournissait le miel. Elle l'accompagna chez lui avec du miel et quatre sortes de fruits sauvages. Il réunit la communauté pour leur expliquer et obtenir leur consentement pour migrer dans ce nouveau pays où ils ont connu des luttes et la mort mais ils ont aussi inventé des fêtes et des rites établis par essais successifs. Le feu leur a été donné par la poule d'eau, les plantes par la grande étoile du ciel pour l'abattis (manioc, canne à sucre, courge, banane, maÏs, patate) car avant il n'y avait pas ces plantes sur terre.

Ce mythe est exposé par Nathalie Petesch dans sa thèse sur les Karaja (1999). Elle le commente ainsi :"Au commencement du monde, les Karaja vivaient donc dans les profondeurs du grand fleuve Araguaia, jusqu'au jour où ces Inà aquatiques découvrirent le passage menant à la surface de la terre. Emerceillés par la beauté et l'abondance de cette dernière, la plupart de ces bero hati mahadu (fleuve-fond-habitants) décidèrent de mener désormais une existence terrestre et devinrent des Inà tyhy, Karaja véritables, ou bede mahadu (terre-habitants). Seuls Kaboi et les siens constatèrent, sans le vouloir, que les Karaja avaient, ce faisant, troqué l'immortalité contre l'espace et l'abondance. Ils perpétuèrent ainsi l'existence des Inà aquatiques, alors que leurs frères terrestres étaient devenus mortels. Durant quelque temps, les Karaja de la terre vécurent en compagnie de diverses entités surnaturelles et héros transformateurs, qui leur donnèrent les moyens d'exploiter leur nouveau territoire (acquisition de la lumière, des plantes cultivées, de la pirogue, des outils agricoles, du feu, ainsi que de divers mythes l'illustreront ci-après). Mais le manque de respect montré à l'égard des bienfaiteurs (demande d'un plat d'excréments et refus de le consommer) entraîna la séparation entre le niveau terrestre et le niveau céleste, où s'installèrent de façon définitive les biu mahadu (pluie-habitants) parmi lesquels le principal héros mythique Kanaxiwe et le "grand chamane" Xibure.

Le thème d'une existence initiale bienheureuse entre les humains terrestres et les futurs êtres célestes, rompue par une faute humaine entraînant l'obligation pour les hommes de travailler pour survivre, est récurrent dans la mythologie des basses terres d'Amérique du Sud. Mais souvent, comme chez les Bororo et certains groupes tupi, la rupture est due à une faute féminine.
Ce mouvement ascensionnel du fond des eaux au ciel, ponctué de deux ruptures, a déterminé la constitution de trois niveaux cosmiques éparés, tous trois peuplés de Karaja (ou considéés comme tems) qui se sont différenciés, tout en maintenant un système d'échanges équilibré;

(...) Usage d'une même langue, de mêmes ornements corporels, d'un même schéma spatial communautaire; en apparence, rien ne semble distinguer les Karaja aquatiques de leurs parents terrestres, si ce n'est des conditions de vie différentes. Le monde inférieur est conçu comme un espace clos, où règnent l'immortalité et une relative inactivité. Eternel, l'Inà aquatique éprouve toutefois le besoin de se reproduire, ce qui semble limiter progressivement l'espace alloué à chaque individu. Pas de conflit de territoire néanmoins, en l'absence d'activité à but alimentaire. La nourriture est servie à la demande, cuite (bouillie) et en très petites quantités.

Les bero hati mahadu, habitants du fond des eaux, ne sont pas des prédateurs mais des possesseurs. Ce sont les maîtres (wedu) de la faune aquatique - poissons, chéloniens, mammifères et reptiles - dont ils régulent la consommation, en ce qui concerne les deux premières catégories, par leurs parents terrestres. Toute prédation sans avis préalable, toute ponction abusive sur un espace aquatique donné, tout abandon de chair animale non consommée, enfin toute exploitation de la faune aquatique non rétribuéee antérieurement ou ultérieurement par une compensation en nourriture cuite dans un contexte rituel, entraîne, suivant la gravité de l'infraction, la maladie ou la mort. Ces conditions étant respectées, les Inà aquatiques aident leurs congénères terrestres dans leurs activités halieutiques.

Anthropomorphes au fond des eaux, les Inà aquatiques peuvent prendre l'apparence de poissons ou de mammifères de grandes taille à la surface. Leurs principaux avatars sont le dauphin blanc ( Inia geoffroyensis) et le poisson pirarucu (Arapaima gigas). La première espèce n'est pas consommée à cause de sa nature doublement humaine, qui se manifeste par des mamelles féminines et une enveloppe corporelle faite non pas d'écailles mais de peau (tyy). Le dauphin est en effet à la fois Inà aquatique et ex-Inà terrestre, par suite d'une métamorphoses opérée jadis dans un contexte cérémoniel (..). Sous son aspect de delphinidé, le bero hati mahadu aide le bede mahadu dans sa quêtre halieutique, en lui indiquant les bancs de poissons. Sous forme de piarucus, les Karaja aquatiques alimentent de leur propre chair leurs parents terrestres. En fonction de l'Inà aquatique ichtyomorphisé, la chair de l'animal varie dans sa couleur, sa consistance et sa digestibilité. La pêche traditionnelle au pirarucu est de ce fait très valorisée, puisqu'elle consiste à lutter au cors à cors avec cet avatar d'humain, avant de l'achever à coups de massue.

(...) Les Karaja distinguent trois grandes catégories d'animaux aquatiques : les utura, "poissons" (avec ou sans écailles, ovipares ou vivipares puisqu'incluant le dauphin), les bero irodu, animaux de l'eau (en opposition aux bede irodù animaux de la terre, ou mammifères terrestres), désignant les tortues aquatiques, et les bero aoni, monstres de l'eau, regroupant tous les animaux qui s'attaquent à l'homme, du reptile au poisson carnivore, tel le redoutable piranha (Serrasalmus sp.). Bien qu'également possédés par les Inà aquatiques, ces trois catégories de faune aquatique ne se situent pas dans un même rapport de dépendance vis-à-vis de leurs maîtres. L'utura ou poisson, constitue le double animal de l'habitant du fond des eaux et lui fournit, parmi les espèces les plus grandes (dauphin, pirarucu) ses principaux avatars. La tortue aquatique (otu) est son animal familier (noho) avec lequel il cohabite et qu'il peut même utiliser, selon certains informateurs, comme siège ou appui-tête pour dormir. Enfin le monstre aquatique est son bras punitif, exécutant la sanction de mort en cas de faute grave commise par un Karaja terrestre.

L'approvisionnement en nourriture carnée n'est pas la seule fonction assumée par les Karaja du monde inférieur auprès de leur famille terrestre. Leur primitivité et leur pérennité les rendent en effet garants de la conservation d'un savoir socio-culturel spécifiquement inà, qu'ils réinjectent régulièrement chez les Karaja de la terre dans un contexte cérémoniel. Des connaissances générales destinées à la collectivité, portant principalement sur les règles sociales et les relations avec le monde naturel, sont ainsi rappelées sur un mode rythmique, lors des performances rituelles de leurs représentations masquées, alors qu'un savoir plus ésotérique est habiituellement transmis par pénétration spirituelle dans le corps d'un Inà terrestre qui, s'il y survit, adopte la carrière chamanique, en tant que spécialiste et médiateur de ce monde aquatique."